Gestores e os diálogos autocríticos
*Por Ivan Postigo
Duas situações estão presentes na vida dos gestores: altas realizações e autorecriminação. O sucesso nos leva acreditar que tudo podemos, quando falhamos fica difícil nos perdoarmos. Acredito que perdoamos os outros mais do que a nós mesmos.
Em momentos de crise, quando mantemos um diálogo interno negativo ou autocrítico, desviamos nossa atenção e não nos dedicamos como poderíamos aos aspectos estratégicos do empreendimento. Em tempos de BBB é bom lembrar que os gestores estão sempre no paredão, então minimizar a pressão que fazemos sobre nos mesmos, sem necessidade, é fundamental.
As pessoas precisam de espaço para fracassar, senão não correrão riscos. Inovar é aventurar-se; ir em busca de algo ou lugares que ninguém ainda tentou ou esteve.
Não dá para negar que riscos assumidos levam a erros cometidos. Serenditpty, que tem como um dos significados descoberta ao acaso, ratifica que muitos erros levam o homem à impressionantes aprendizados.
Diariamente os problemas que resolvemos nos colocam a andar em círculos, com várias áreas de escape. A questão está em escolher a que conduz aos melhores resultados. Gestores que não admitem erros não recebem feedback, com isso perpetuam prejuízos.
Claro que é necessário estabelecer limites, quer seja de tempo ou orçamentário, contudo a análise dos erros não pode ser negligenciada. Erros são ricas fontes de aprendizado. Thomas Edison costumava dizer quando os experimentos não davam certo: ?Aprendi mais uma forma de não fazer?.
Investidos de poder e autoridade, voltamos a experimentar as sensações da infância, quando nos sentíamos indestrutíveis, mas no fundo, quando as barreiras parecem intransponíveis, nos vemos como infalíveis frágeis homens. Vamos em busca do acerto, nosso diálogo é de otimismo, o qual nem sempre compartilhamos, ainda que o expressemos.
Enquanto executivo, quantos obstáculos pareciam difíceis de superar e sucedemos. Uma situação típica que nos coloca à prova: Entra na sala um colaborador de diz: - Chefe - nessas horas você sempre é chefe - preciso que você resolva um problema, todo mundo já tentou, ninguém conseguiu, e o cliente está ai esperando!
Hum, hora para seu diálogo interno:- Sobrou!
Sim, sobrou e pior, ninguém espera que você erre. Você é o chefe!
Bom, você já sabe que problema que atravessa a porta é complexo, afinal quantas pessoas não se envolveram até que o ?pacote? lhe seja entregue. Viver experiências com intensidade serve para essas horas. São elas que nos permitirão resolver os problemas por semelhança.
Como gestor, esteja atento a três pontos para sair das enrascadas e construir um futuro de sucesso:
1) Leia e estude muito, você nunca sabe quando vai precisar, por isso ou você ama o que faz ou aprenda a amar.
2) Aprenda com as situações diárias. Importante não é o que acontece ao seu redor, mas o que você faz com o que acontece. Muitos praguejaram no momento em tiravam os carrapichos das calças, enquanto uma pessoa mais atenta aprendia e criava o Velcro.
3) Tenha disposição e interesse para debater com as pessoas com as quais trabalha.
Meu diálogo interno já me roubou noites de sono, mas também trouxe soluções dormindo. Quando possível é bom brincar com situações difíceis. Relaxa, diminui o stress, alivia a tormenta cerebral, reduz a toxicidade e nos permite pensar com maior clareza. Quando seu diálogo interno começar incomodá-lo e você estiver ácido demais nas suas autocríticas, lembre-se que bom humor é a capacidade de exagerar a tragédia.
* Ivan Postigo é economista, Bacharel em contabilidade e pós-graduado em controladoria pela USP.
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